10 de abr. de 2012
Centenário de Glórias - Agustín Valido
Não teria momento melhor do que este para falar do nosso próximo personagem da série Centenário de Glórias. Um argentino que decidiu o nosso primeiro Tri Carioca com um gol aos 41 minutos do segundo tempo em cima dos nossos fregueses favoritos. E ainda podemos lembrar do Lanús, nosso próximo adversário na Libertadores e um dos três clubes por onde ele jogou.
Agustín Valido nasceu em Buenos Aires e começou a jogar no Boca Juniors em 1934, conquistando logo um campeonato argentino. No final da temporada, se transferiu para o Lanús, onde ficou até 1937. Nesse ano, disputou um amistoso no Rio de Janeiro contra a gente por um combinado argentino chamado Becar-Varella. Sua atuação despertou o interesse dos dirigentes do Mengo, que resolveram contratá-lo. A vida de Valido mudou drasticamente depois da vinda dele ao Rio, sem nenhuma pretensão. Se aposentou no Flamengo, seguiu a vida no Brasil, foi herói e formou um dos maiores sistemas ofensivos da história do clube: Valido, Zizinho, Pirilo, Perácio e Vevé. Quinteto de quase 600 gols pelo Mais Querido.
Em 1944, já aposentado, Valido disputou na Gávea uma pelada com operários da sua gráfica. Tendo uma boa atuação sob os olhares do grande treinador Flávio Costa, recebeu um convite para ajudar o time na reta final do Carioca. O treinador estava cheio de problemas, com muitos doentes, machucados e até com jogador convocado pelo Exército, caso do Perácio, que trocou suas famosas bombas de chuteiras pelas bombas da guerra. Consciente de tudo isso e por amor ao Flamengo, Valido aceitou.
Após ficar um ano e sete meses sem jogar profissionalmente, voltou a campo no penúltimo jogo da campanha do Tri, contra o FlorminenC. O resultado? Ajudou muito na sonora goleada de 6 a 1! Mas o esforço durante a partida e a falta de ritmo de jogo deixaram Valido quase incapaz de andar, e teve a situação agravada pela febre alta durante a semana da decisão. Flávio Costa, não tendo outras opções, não abriu mão da presença do ponta-direita argentino na decisão contra os nossos eternos vices. E mesmo com 39 graus de febre, Valido foi pro jogo.
Flamengo, Flamengo... Tua glória é lutar! E o time lutou muito, mas sem conseguir tirar o zero do placar, que dava o título pra eles. Foi então que apareceu Valido no meio do miolo, aos 41 minutos do segundo tempo. Vevé bateu uma falta pela esquerda e o argentino, subindo mais que a marcação dos Vices, cabeceou febril pro fundo do barbante! Foi o gol da raça, da luta, do amor ao Manto Sagrado, do nosso primeiro Tri!
Os Vices choraram muito. Para eles, Valido se apoiou com os braços no Argemiro. Tentaram de todas as formas possíveis invalidar o gol e a partida. Levaram até o filme do jogo pra Federação, mas de nada adiantou todo o chororô e o Mengão continuou Tri. E realmente não houve nada. Zizinho, que considerava, até 1979, este time do Tri o melhor Flamengo de todos, deu depoimentos explicando o lance, mostrando que não houve falta alguma, assim como o próprio Valido já declarou. E segundo Ary Barroso, o gol teria que ser de mão para aumentar a raiva dos Vices. Seria o primeiro gol de mão decisivo da história de um argentino. Né, Maradona? Mas quis o destino que fosse com uma testa em chamas, repetido depois pelo Deus da Raça, iniciando o grande terceiro Tri da nossa história, também aos 41 minutos do segundo tempo e com o mesmo vice.
Valido vestiu o Manto Sagrado em 143 jogos e marcou 45 gols, entre 1937 e 1944. Conquistou os Cariocas de 1939, 1942 e 1944, mas só entrou definitivamente na galeria dos grandes heróis do clube após sua "aposentadoria". Faleceu com 84 anos, em 1998, e não conseguiu acompanhar a nossa quarta campanha do Tri, que iniciou um ano depois e terminou com outro gringo decidindo, também no finalzinho do jogo e, pra variar, com o mesmo vice. Repararam que só neste post eles foram vices três vezes?
Já no final de sua vida, Valido afirmou que o Flamengo foi o seu maior amor, onde viveu as maiores emoções. A história dele é um grande exemplo do puro Flamengo. Este argentino, que se transformou num legítimo carioca, se consagrou pelo seu heroísmo e amor ao Mais Querido. Como já foi dito aqui, enquanto houver amor ao Flamengo, Valido e tantos outros viverão. Eterno Valido... Eterno.
Abaixo, um vídeo editado especialmente para este post.
Depoimentos do próprio Valido misturados com cenas do feito de 1944.
"Eu queria ser um poeta para poder te explicar,
mas não consigo traduzir o sentimento de amor que a gente tem pelo Flamengo."
FUGINDO DE CASA
ResponderExcluirAlguém já viu algum time abandonar o jogo em seu próprio campo? Acho que não. Parece que só se conhece uma caso desses em toda a história do futebol. Foi em 1945, na rodada final do Campeonato Carioca. O Vasco estava invicto e só tinha pela frente o Flamengo, no campo dele, na Gávea, que fora inaugurado com uma vitória vascaína em 1938. Pois é, era ponto de honra para os flamenguistas tirar a invencibilidade do time vascaíno, que já era campeão antecipado. O time urubunegro começou com tudo. Fez 2 X 0 no primeiro tempo e começou a gozar os vascaínos, que tinham ido ao mais feio cimento armado do mundo ver aquele jogo. Porém, veio o segundo tempo e o time do Vasco começou a dominar a partida e não demorou muito a empatar. Sentindo que a virada era inevitável, os burro-negros começaram a reclamar de tudo e saíram de campo. Do seu próprio campo. Fugiram em seu próprio campo para escapar da virada. Podiam ter continuado e tentado tirar a invencibilidade do Vasco. Ficaram com medo de perder e não tentaram. Fugiram mesmo. A partida foi concluída dias depois nas Laranjeiras, mas o resultado de 2 X 2 foi mantido. Moral da estória: Vasco da Gama Campeão Invicto de 1945 em cima do MICO DE ABANDONAR O SEU PRÓPRIO CAMPO PARA NÃO PERDER DO VISITANTE.
Querido, Sacaneator. Obrigado pela presença de sempre e pelo conhecimento sobre nossa história, mas você errou mais uma vez.
ResponderExcluirO Flamengo realmente não fez uma boa temporada em 45, ao contrário dos 4 anos anteriores em que chegou na final e conquistou o Tri de 42, 43 e 44. E só não ganhou em 41 porque os Flores, no famoso FlaxFlor da Lagoa, covardemente jogou todas as bolas na lagoa, impedindo a sequência normal do jogo e a virada do Mengo, segurando o empate que dava o título a eles.
O último jogo deste campeonato de 45 foi realmente na Gávea. Com o placar de 2 a 2, após o Mengo estar vencendo por 2 a 0 no primeiro tempo, o Biguá (nosso jogador) foi expulso aos 26 minutos do 2º tempo. Daí ocorreu uma briga generalizada entre os torcedores e confusão em campo. O jogo foi interrompido pelo juiz e complementado dois dias após, nas Laranjeiras.
JAMAIS HOUVE ABANDONO por parte do Mais Querido, nunca aconteceu e nunca acontecerá. Como viu neste post, nossa glória é lutar. A decisão de 1927 e esta de 44 mostram isso.
Obrigado por se importar tanto com a nossa história e pela oportunidade de esclarecer tudo a você e aos nossos demais leitores.
Volte sempre.
Muitas histórias. Disse bem: "A história dele é um grande exemplo do puro Flamengo"
ResponderExcluirO amor deste hermano pelo Flamengo é impressionante. Falo isso por que tive a oportunidade de conhecer pessoalmente. Encantava sua forma de se referir ao Flamengo.
Sacaneator como sempre figurinha carimbada na série Centenário de Glórias!
ResponderExcluirAcabou de estragar seu "anonimato" passando recibo de Vascaído-Vice-Recalcado! Ainda por cima quis inventar história, ou melhor, deturpar os fatos!
Que o espírito de luta argentina do Valido contagie nosso hermano Bottinelli amanhã no Engenhão! #VamosQueDáMengão
SRN!
Maravilhoso!!!!!
ResponderExcluirGanhei o domingo lendo esse post.
O vídeo é emocionante demais!
Histórias que fazem o Mengo ser o que é hoje. O centenário do gigante nos gramados é gloriosíssimo!
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